De acordo com o contrato assinado pela emissora e discutido com o secretário de Segurança Pública, Genaro García Luna, em maio de 2010, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) financiou a Televisa com cerca de 10 milhões de dólares para a produção de 15 episódios da série, um custo muito elevado para os padrões mexicanos.
No contrato, também consta que “a realização e difusão da série se realizará sem lucro direto ou indireto para a secretaria, por sua difusão ser de utilidade pública, em razão de ser um material educativo de relevância nacional e com uma temática atual”. Por este motivo, além de ser transmitida na maior emissora nacional em horário nobre, a série pode ser utilizada como material educativo em escolas públicas e em academias militares.
“El Equipo“, que foi transmitido pela maior rede televisiva do México durante três semanas, conforme o que diz a página oficial, “é uma série sobre o valor, o esforço e o amor de uma equipe de homens e mulheres, policiais federais, que a cada dia arriscam suas vidas para proteger as nossas. Eles lutam, se sacrificam e se entregam por um compromisso: que o bem derrote o mal.”
No perfeito estilo das melhores novelas mexicanas, como “Maria do Bairro” e “Miramar”, “El Equipo” mescla histórias policiais, que envolvem o valente grupo de federais, com os passionais tramas de romance. Assim, às cenas de operações improváveis, que relembram as séries norte-americanas, entre traficantes e policiais, se somam tramas de amores não correspondidos ou que encontram impedimentos enormes.
Para a deputada federal do Partido da Revolução Democrática, Leticia Quezada, este é um caso de propaganda política que serve para “lavar a imagem dos policiais federais”. No México, segundo a deputada da oposição, “há um desvio de recursos, que deveriam ser usados para combater o crime organizado”. Para ela, há um engano ao criar um estereótipo de uma polícia que não é bem vista pela população. “Em outras partes do mundo não há tantas mortes como aqui e nunca as estratégias de combate ao crime, que são consideradas de segurança nacional, são reveladas”.
Nas histórias, os federais encarnam os valores de heroísmo, valentia e honestidade, características que se perderam na percepção comum sobre as forças policiais e em particular das Polícia Federal, considerada comumente corrupta e aliada ao narcotráfico, tanto que as operações mais contundentes contra os patrões do tráfico são lideradas pela Marinha.
A tentativa de dar uma cara amigável a Polícia Federal é reforçada pela utilização de atores conhecidos e amados pelo público, como Alberto Estrella, conhecido pelas novelas mexicanas e o jovem Alfonso Herrera. Depois de muitas polêmicas, os atores também tenderam a afastarem-se do produto, tanto que Herrera, por meio de seu agente, minimizou sua participação na série, alegando a necessidade de priorizar outros projetos.
Segundo os críticos, o problema é justamente a enorme difusão midiática das novelas, que têm um impacto muito relevante na opinião pública mexicana. “Apesar do aumento de quase 100% no orçamento da SSP nos últimos três anos, a taxa de criminalidade não diminuiu. Somente entre 2006 e 1009, os sequestros aumentaram 83,3%. Os cartéis de droga também se reforçaram e aumentaran, ao passar de 9 para 12 o número de cartéis que operam no país”, afirmou Quezada.
De acordo com a sinopse da página oficial da série, “em cada capítulo de ‘El Equipo’ será solucionado um caso diferente, onde veremos o processo de inteligência, a operação e a captura dos criminosos; ao mesmo tempo em que os personagens devem enfrentar seus sentimentos e resolver seus próprios problemas na vida cotidiana”.
Gravado nas instalações da Polícia Federal na Cidade do México, a “telenovela dos federais”, com seus Jack Bauers mexicanos, está destinada a continuar causando polêmica e a continuar no centro do debate político.
Créditos: Opera mundi / Comunidade RBD NOTICIAS ORIGINAL
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